O vento gelado bate na janela.

Os grossos cobertores sobre mim já não aquecem mais meu coração.

É um mundo enlouquecido. Um mundo completamente entregue à loucura. Nas notícias, pais que violentam seus filhos, governantes que governam apenas para si e para os seus, policiais que são tão bandidos quanto os que deveriam prender, pessoas arrogantes que se sentem acima dos outros por sua posição social, tantas atitudes incompreensíveis. O mundo enlouqueceu, sucumbiu à insanidade, está completando seu curso rumo ao egocentrismo, total egoísmo, evidenciando “egos” apodrecidos, funestos e nefastos.

Mas teria sido sempre assim? Teria o advento da internet revelado a crueldade e perversidade por trás de rostos dissimulados? Nos trazido verdades desagradáveis até então ocultas? Ou esta própria internet estaria dando voz à estupidez e à ignorância, trazendo à tona o que há de pior em cada um?

Não sei dizer.

Levanto da cama, o ar gelado penetra agora por todos os poros do meu corpo, mas não faz mais diferença, meu coração já está gelado de tristeza. Levanto, me arrumo e saio. O mundo continua igual, carros passando na rua, crianças brincando nos parquinhos, pessoas atarefadas caminhando para lá e para cá, todos alheios aos acontecimentos. Tudo normal poderia se dizer, mas alguma sombra imperceptível paira sobre essa vida cotidiana tão comum. Há algo no ar, como aquela sensação que temos antes de uma tempestade.

A humanidade já passou por vários momentos obscuros e sombrios por toda a sua história, mas agora o mal não parece vir de alguma força maior, não tem uma origem definida, mas parece sim nascer, crescer e se desenvolver dentro do coração de cada um, uma catarse coletiva, um lento e contínuo caminhar para uma individualidade tóxica. Se foi isso que Nietsche imaginou quando criou o conceito de super homem, prefiro o bom e velho “amor ao próximo”.

O que experimentamos hoje é um intenso esvaziar-se de significado.

Não tem mais sentido amar, se importar com o outro, respeitar. Empatia é apenas uma palavra doce na boca de pessoas indiferentes. É uma existência vazia, com espaço vazio suficiente para que as pessoas liberem tudo o que há em seus corações, e neste ambiente selvagem, infelizmente é o lobo que devora o cordeiro.

O cansaço me faz parar, o frio toma conta dos meus ossos, o sol alto no céu azul não aquece mais os corações. A sensação elétrica de tempestade iminente. Uma tempestade sem chuva, brotando de cada coração vazio. Nenhuma lágrima é derramada.

É um mundo enlouquecido, totalmente entregue à loucura.

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